O AFINCO E A TERNURA
CRÔNICAS DO SER
Leonardo Daniel O AFINCO E A TERNURA O afinco e a ternura são palavras contrárias que atraem outras palavras em próprios campos e círculos semânticos, são palavras antitéticas, cujo a negativa dos contrários é real, mas as pessoas infelizmente tendem a considerar o afinco como coragem, persistência e exatidão, enquanto a ternura é uma fraqueza. E isto não é bem assim. O afinco pode ser uma premeditação e uma insistência boba, que não é vista como tal, ao contrário é vista como um sinal positivo de perseverança, e paralelamente a isso tudo; a ternura perde a sua própria luz, por ser ela muito especial, rara e algo que mostra um outro nível de significados e compreensão. O afinco é um tipo de persistência mesmo que no erro, dando a impressão falsa, mas fascinante, de que aquilo é o certo. O retrocesso do afinco é ainda maior, quando ele vira convicção, e a evolução da convicção é o fanatismo. Essa é a regra básica, da qual se alimenta as ideologias. A ternura é ter a alma nua. A ternura é a leveza do ser. É a beleza da vida. Nela, cabe o primeiro encontro, e a despedida. Quem tem ternura; tem simplicidade e leveza. É uma pessoa capaz de evitar conflitos, se colocando no lugar do outro. A alteridade. E ela faz isso tranquilamente, com naturalidade. O paraíso é feito de ternura... Ternura, cortesia e dinâmica do viver. Que é quando o movimento parte, é mantido, e, tem seu término, na ternura vívida, e viva também... A ternura nasce do amor. É uma das facetas dele, capaz de suplantar os espantos do ego, sempre pronto para roubar a cena e te fazer de espectador. A ternura é da alma. É a respiração da alma, e se enganam quem pensa que ela é frágil. Pois, ela não é. A ternura quando testada vira perseverança, uma das filhas semânticas e filológicas da esperança. E a perseverança é forte, muito forte, capaz até de desatar nós do destino. Seja mal, ou bem-vindo. A ternura começa na infância, na educação dos pequenos, principalmente pelo exemplo, e vai se transformando ao longo da vida. Na velhice ela é um prato cheio, pois sem o rigor da juventude, o idoso é levado a ponderar sua conduta, e como forma natural da sua forma de movimentar, inclusive com bengalas e seu comportamento... o idoso troca a lentidão e a pressa pela paz e tenacidade da ternura em movimento. Uma ternura mais física, do que nos pensamentos. É o que para os idosos eu vejo. Ela está no namoro, em gestos de educação e cortesia, ela não é agressiva, ao oposto ela suaviza as marcas de expressão, deixando a pessoa a vida inteira bela, já o afinco te transforma numa caricatura. www.poetaleodaniel.com Leonardo Daniel 17/07/23
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 29/11/2023
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