Videoclipe: Terra de Gigantes
Livro: ENGENHEIROS DO HAWAII – em livros de história (ainda inédito).
Videoclipe: Terra de Gigantes Leonardo Daniel Ribeiro Borges e Elisangela Cardoso de Lima Borges Título: Analogias Midiocráticas ou Sombras Na Terra de Gigantes Analisar este videoclipe (Terra de Gigantes) para nós - foi uma verdadeira catarse, “um mergulho no escuro da piscina”... Não sabíamos que a riqueza polissêmica era tão grande, e, nem que sua contextualização com a educação e sociedade é assim como a canção: etéreas atemporais e um justo sopro de “alivio imediato” e esperança. O clipe começa com folhas de jornais aos ventos rolando pelo chão, essa imagem de jornal é recorrente no clipe! O que o diretor quis no passar com ela? O jornal traz informação, às vezes ficamos até “enfartados de informação”, no clipe ele é uma dupla metáfora, é uma metáfora de transporte para a informação e como veremos será o transporte de si mesmo para o conhecimento. Humberto Gessinger em seguida aparece sem o baixo em mãos, sentado despojadamente numa poltrona em frente a uma TV. Já começa a ficar claro aqui a analogia entre informação TV-JORNAL e o poder da MÍDIA – midiocracia. A sombra de Humberto é projeta na parede pela luz da TV guardem essa imagem da SOMBRA... Os amigos que cantam com o HG aparecem fora e dentro da TV, na estrada da Infinita Highway e sob certas condições de viagem, já que se precisa de precaução na Terra de Gigantes “que troca vida por diamantes”. Na tela da parede agora, já aparece a sombra do contrabaixo do Humberto, o que pode significar por enquanto que ele e seu instrumente se fundiram numa “fusão a frio” numa mesma sinesfera de amor e sentimento. A câmera que tem um papel heterodiegético e de co-partícipe narracional, nos prende no seu foco narrativo, no seu duplo olhar, afinal ela é a câmera que filma o clipe, é metaforicamente a interlocutor midiático que traz a informação, e “se a vida é um filme eu não conheço o diretor” pensando nisso pode ser que não seja nada disso, que o foco da câmera seja um anteparo para a o conflito, é o olhar e o colo, da mãe , é a mãe. Ou mesmo o Humberto Gessinger em pessoa. Nessa mesma hora em que HG canta a juventude (ele desencosta da poltrona) ela aparece dentro da TV, da sua TV, cantando talvez, correndo, dançando, feliz. Em seguida a tela da TV se abre e “engole” a juventude e a leva para uma sala de aula. Nela há jornais pregados em todas as paredes, carteiras enfileiradas uma professora explicando a matéria, alunos “cinzas normais”, mas há um aluno diferente, há um aluno desses que ninguém entende, ele se veste ao estilo punk lembrando que o Humberto já viu “um punk na farmácia atrás de protetor solar”, voltando da digressão, o aluno que é diferente demonstra além do tédio e insatisfação; rebeldia: “as revoltas as conquistas da juventude são heranças são motivos pras mudanças de atitudes/ a cara limpa a roupa suja esperando que o tempo mude”. Essa rebeldia é beleza ao mundo, é capaz de acabar com todos os decretos da fome, da morte e do medo, é capaz de vencer os mais velhos que querem roubar da juventude tudo que ela tem de melhor: a coragem. O nosso ALUNO REBELDE está com os pés sobre a carteira da frente, assim como o Humberto ele está tranqüilo e despojado, ele tem coragem, e isso em si não é desacato, a escola acostumada a vigiar e punir que quer corar suas pernas. De repente ele olha para a câmera o quê ele observava? Era Carlos Maltz, com um leve sorriso! As carteiras também estavam revestidas de jornal, mais informações “censores sem poder de censura” que querem até controlar a corporeidade, ou seja, o bumbum na carteira, o tempo todo, a quadro negro (lousa) também está revestido de jornal e alguém pixou talvez uma das maiores sínteses da ciência humana, a fórmula da relatividade de Einstein. Então “agora se o tempo é relativo, não há tempo perdido, não há tempo há perder”. Humberto chega a sala de aula, e ela está vazia, até a professora foi embora, tudo coberto por jornal, milhares de anos de história e conhecimento intelectivo ao qual se retêm única e exclusivamente na memória... Sem poesia. Esse é mundo ocidental? Não esse é mundo atual! Globalizado! O mundo todo virou de certa forma uma coisa pasteurizada e parecida, vão dizer nossos amigos marxistas, eu simplesmente digo que o mundo ficou “mais lógico, mecânico, difícil de agüentar”. Mas sempre lembro que o mundo é bom... (“O Mundo é Bão Sebastião”) Basta apurar os ouvidos e corrigir a miopia. Humberto Gessinger entra na sala de aula e canta: “A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes” que é o refrão da música. Esse refrão no contexto do clipe remete ao “fim da aula” ou “recreio” (intervalo) mostra o que é a juventude um universo poético de sonhos e possibilidades ilimitadas e contagiantes que a egocidade dos mais velhos e o funcionalismo caquético social baseado no vim a ter em detrimento do vim a ser, quer roubar da juventude. Roubar a pureza da sua música que toca na aventura infinita de uma propaganda de refrigerantes onde todo planeta é um céu, e todo mundo é feliz! Nós que analisamos este clipe somos professores, por isso talvez insistimos nossa crítica na Escola, na Faculdade, na Universidade, enfim na Educação... Para se aprender dever haver interação entre cotidiano e conteúdo, assim de se chegar a um conhecimento real! Viva a (Re)Engenharia do RocK! Viva a Engenharia Hawaiiana! Humberto é “filmado” entra para dentro da TV... Augustinho olha atentamente o visor, descruza a perna, ele está ligado! Uma sala cheia de gente grudada na TV aparece, o destaque para essa cena é que os primeiros da fila vestem-se igualmente um ao outro, e os primeiros nas filas de carteiras na sala de aula também se vestiam iguais. “O que fazem as pessoas para serem tão iguais?” E qual é mola secreta que nos torna diferentes? A resposta já está escrita lá em cima: a REBELDIA. Nessa mesma sala de TV, nessa sala familiar tem uma jovem que não se encaixou na programação, não se encaixou no programa, é uma falha na matrix, podemos assim dizer, é o AMOR AS CAUSAS PERDIDAS que nos dá esse choque! Logo são mostrado os rostos dos familiares, todos menos a moça têm monitores de TV na cabeça, isso não resignifica nada, corrobora, pois os monitores reforçam que dentro deles há um país psicológico onde vivem todas as formas mentais da programação recebida diariamente, e pouco podem fazer a não ser esperar, esperar e esperar, o quê? O inevitável ou quem sabe até o surpreendente! Nesse caso uma crise cairia bem. Podemos estar parecendo pessimistas, mas não somos, nós assistimos televisão também, mas o espaço que ela ocupa em nossas mentes e corações, é controlável. Talvez seja por isso o Humberto canta para mãe dele o chamá-lo só depois que Sol tiver se posto, pois assim o poder do individualismo do dia a dia fica menor com o fim da batalha do ganha pão, e quem sabe naquela noite não tem aquele show? Uma SOMBRA chama a atenção da moça, de quem será? Quem tem medo da escuridão? A TERRA DE GIGANTES É A TERRA DAS SOMBRAS, porém não é de qualquer sombra que estamos falando. Há as que trocam as vidas por diamantes, e há aquela sua própria sombra que te perturba desde a infância e que te faz lutar para ser alguém melhor. No clipe as sombras projetadas pela TV são enormes, são gigantescas, são gigantes, no começo quando escutamos, Engenheiros do Hawaii, gostamos de um monte de coisas, pessoais, idiossincráticas e até inefáveis, mas não entendemos um montão de coisas que o Humberto quer dizer, depois com muito esforço do coração, passamos para um outro nível de compreensão, e essa jornada segue, a estrada não tem fim... “O otimismo dá vontade, o pessimismo dá razão” até que um dia você consegue “sentir com inteligência, pensar com emoção”. Há uma outra sombra, uma que talvez possamos chamá-la anti-tautologicamente de “consciência do inconsciente coletivo” e essa bate também na porta do seu quarto para te acordar. Humberto pega seu instrumento! Ele está pronto paradoxalmente “é uma luz que não produz sombra” resta agora saber se queremos compreender o valor da vida através do seu som, do som dos Engenheiros do Hawaii, ou se vamos querer trocar vidas por diamantes. Lembrem-se que quando se é criança temos todo o mundo e quando se cresce e vira adulto temos a TV. Quando a note cai e tem uma pessoa num quarto que se parece com sala de aula ela está tranqüila mas pensativa, deitada na sua cama, no seu sagrado espaço, já disse seu quarto, (“Pra ouvir melhor, melhor apagar a luz”). Ela põe um LP, um disco de vinil para tocar... Ele o disco também está revestido de jornal. Nele não há de ter as mesmas informações estáticas das paredes, e de tudo já visto antes com jornal, porque ele roda, ele gira, ele tem movimento, ele é um disco da sua banda favorita, ele há de ser um disco dos Engenheiros. O quarto aparece pixado, é uma relação de poder, o que está escrito? Vai você mesmo descobrir! Essa pessoa, esse ser em crise, e “crise é fundamental” deve ter pixado, ou a sombra, tem assinatura, uma rubrica. Só vê estrelas quem olhar o firmamento! Não tenham medo da sombra que te treina, ela quer o seu melhor. Muda-se a cena Maltz e Augustinho observam tudo! Há agora uma outra sala pessoas e aquela mesma moça da sala de TV vendo uma revista, junto com outras pessoas a procura de informação e quem sabe de conhecimento! Ela magneticamente é atraída pela “câmera” e quer se levantar, pois lia no chão. Ela entra no vídeo. Humberto olha para a TV, será que a vê? Ele abraça o baixo. Jornais voam! Quanto vale a vida? Músicas são jogadas ao ar como quem caça borboletas e depois a soltam... Leonardo e Elisangela
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 08/12/2020
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