ALEGORIA
ALEGORIA
Pudera falar sobre as feras Que transformam todos em tolos Pudera salvar a donzela Que transforma moços em doidos Pois só mesmo com fervor Há de se consentir o amor Pudera não falar de guerra Deixar que Menelau e Páris Resolvam suas diferenças E que a bela Helena Seja juíza de sua própria sentença E que a espada ganhe vida de renúncia Só que hoje os tempos são outros E não adianta estar um moço Pois logo vem a maldição apavorar Ela vem em forma de alegoria Traz à tona terríveis fantasias Não dá pra explicar Alegoria do inferno Pesadelos que em instantes são eternos Vinganças, pessoas caçadoras de esperanças Tem no peito uma trama “Não entram e não deixam entrar” Ficam no limbo Ficam no limiar E hoje em dia ainda pedem Para Jesus salvar E hoje em dia ainda ferem Para poderem amar Tristeza! em pleno altar! Exaltação de um cidadão São quase vazias Não tem alegrias Cumprem o papel Tem justa razão No espelho não vêem a si mesmos Preferem mirar o céu do umbigo Pré-ferem minar o jovem poeta Que também é um atleta Que corre pra outra dimensão E no fundo ainda persiste A crise de uma alegoria Que conta a história De uma cidade de rosas Onde não podaram seu jardim Os galhos cresceram com tantos espinhos e assim Das roseiras surgiram defeitos Que aos olhos humanos escondem um segredo Dentro dos arbustos espinhentos Há o tempo do medo Só que o que poucos sabem Ë que há também o vento Vento capaz de levar o medo Vento da vontade Esse é o vento da inspiração Que traz ao pulmão Átomos do Sol E transforma a Alegoria Em peça teatral E faz com que seu papel Seja tão limpo quanto o véu E te deixa então livre nas suas escolhas Sem alegorias com alegrias De apropriar de cada momento da vida Que é sua... De mostrar a outros atores que há outras doces aventuras Leonardo Daniel in: Ventos da Alma (livro publicado)
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 16/11/2020
|