Lapidar diamantes
COLUNA “O CONTADOR DE HISTÓRIAS”
LEONARDO DANIEL RIBEIRO BORGES Lapidar diamantes Saudações mais uma vez queridos leitores! Vocês são o motivo da existência desta coluna, meus esforços se voltam em estabelecer um saudável diálogo entre nós. Quem quiser tirar alguma dúvida sobre a contação de histórias ou comentar algum ponto dos artigos, podem enviar-me um e-mail (o endereço está abaixo) terei muito prazer em responder a todos. Lapidar diamantes... Hoje vamos lapidar diamantes! Gotas de alma que trazem a esperança de um ano melhor, 2005 ano cabalístico da perfeição, andar passo a passo com criatividade e atenção, enxugar as lágrimas é preciso quando se quer encontrar no peito um abrigo para tanta aflição, para tantas dúvidas das quais fazem da vida uma armadilha que nos tranca ao porão. Mas o choro é preciso, sem crise não há decisão, o choro com seus cristais de luz é o que nos conduz pela escuridão, com ele vem nossa Mãe nos dar a mão. Para se lapidar um diamante precisa-se de duas coisas: o diamante e a técnica. O diamante na contação de histórias e na nossa vida é a voz, o diamante, portanto nós o temos, a técnica é o que fazemos do diamante na nossa vida, a técnica é como usamos a voz no dia a dia... Calíope a musa grega da poesia, que é a “bela voz” é quem pode nos guiar nesta descoberta de nós mesmos, estar atento e criativo é estar imbuído do sentimento que une os poetas em torno da palavra, plenos na poesia. Quem lapida o seu diamante, lapida sua voz, se transforma pela poesia em algo mais nobre, em um amante da musa. Lapidar por certo é velar com afeto aqueles para os quais falamos, lapidar por certo é orar aos céus que a realidade suprema seja sentida e transmitida com amor e perfeição. Prestem atenção agora na fábula que vou contar... Existia um reino muito antigo e nele havia dois meninos criados juntos, como irmãos, os meninos passavam o tempo caçando e lutando e até uma certa idade conheciam os sons da natureza e os imitavam com perfeição, decidiram voltar pra cidade para fazerem novas amizades, e chegando lá não sabiam mais a língua da população, um dos meninos se revoltou e usou seus poderes para criar uma nova língua conforme o seu padrão, usou dos sons da natureza para criar uma falsa beleza e fascinar a população. O outro menino sentiu-se triste com seu meio irmão e por decisão aprendeu a língua daquele povo seu, e a enriqueceu com músicas de mágicos sons apreendidos na floresta. Mas o poder do meio irmão era forte de mais, e aquele povo não teve mais paz, o meio irmão virou tirano e seu amigo de infância ensinava ao povo a antiga música última lembrança da língua que já existiu. Moral da história: quem aprende os arcanos da natureza pode cantar a música celeste para a glória comum ou pode disfarçar a mentira tornado-a parecida coma verdade e afastando a todos do princípio do verbo do criador. Aí está, portanto o poder da palavra, um menino voltado para o abismo é tirano de uma nação que sonha estar no céu, um menino voltado para o céu é menestrel e profeta de uma nação que em alguns momentos acorda do doce sonho e percebe não possuir mais a língua de seus pais. A língua aqui é tida como uma metáfora da verdade, como uma onda do oceano que vem de Deus, o verbo desdobrado em palavra, a palavra desdobrada em voz é o poder oculto dos meninos da fábula é o diamante secreto que cada um traz consigo. Vamos ter mais cuidado ao usar o verbo, vamos trabalhar a palavra dizendo a verdade dos nossos corações e vamos tornar doce a nossa voz com o respeito carinho e atenção, para que possa brilhar de dentro de nós o diamante já lapidado, o diamante tão aguardado que faz da aparente troca de informações um ato de comunhão.
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 28/10/2020
|