O ESCURO DA PISCINA
Sortilégios e sortimento não são a mesma coisa... Recomeçar é para os fortes... Não é assim que me vejo, voltei aos três dígitos, 103 kg. Não é assim que eu sou... daí tanto sortilégios. Meu algoz me castigou de forma expressa enquanto longe dela, afastava o cálice da loucura, cálice de sangue no asfalto. Cascalho e cuspe. Cálice de natureza crua e cruel, por demais sabido, não de outro e sim cindido pela imácula madeira. Não de ouro e sim imortal. Sempre soube o que era aquilo, só não sabia se queria parar, sempre soube pelo menos de 2008 para cá qual era meu lugar, sempre soube que o fantasma chamar-vos-ia Leandro. Mas entendam, minhas profecias as faço do dia-a-dia roubando do Sol da manhã. E sim isso iria rolar, mas Deus tem outros planos e eu não sei mais esperar. A piscina e meu medo em apneia. A piscina, e o conviva que não em convite, não em canivete, exige sim de mim uma providência exemplar. Ele sabe como ninguém ser popular. No céu daquela fria madrugada sombria, deixo meus cães sem entender, antes jazia o arranco no sofá, e agora o que resta é um percalço do que virá, chega de doces, chega de refrigerantes e eu sei o que isso quer dizer e a mim isso muito importa. Me importa saber como as estrelas estão respirando. Me importa em saber se o mercúrio cromo cura mesmo, os joelhos. E a cotoveladas deixamos apenas para um filme de ação, cuja produção é B ou C... Por que tanto engordei? 20 mg de olampazina! Ora, e quem não engordaria? A assertiva não serve de consolo, não sou dado a anestesia do espírito. Não vou me adaptar. O inferno terá que esperar. O inferno não gosta mais de mim. Eu venço mais uma vez, que água gelada, que santa estupidez. E eu tô calmo. Já que sei que viverei como Nando Reis diz: “Vai pro céu / Quem não acha nesse mundo o seu (um) lugar?”. Eu sou forte. E minha maior fortaleza está em não aprisionar a quem me faz viver, e são muitas e às vezes mudas, as pessoas que em mim irradiam vida, pentecostes e amor. Mentira minha sou forte porque dependo de quem me faz viver. E isto basta para ser feliz. “Toda vez que falta luz, Toda vez que algo nos falta O invisível nos salta aos olhos Um salto no escuro da piscina” Piano Bar / Humberto Gessinger A noite tremia, pois (não) sabia que o jovem iria pular, a noite temia, pois (não) sabia que sua roupa iria rasgar. Como é louca a vida desse jovem rapaz, como prima por parceria ao invés de solidão. Na verdade ele só quer ser quem lhe conquistou. Ele é o Amor. Como pode ser de gestos tão temidos? Como pode causar medo e delírios? E ele sabe que em cada visita do algoz treinador, só haverá um perdedor. Leonardo Daniel 21/08/2013
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 18/10/2020
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