Léo Daniel

Amar é servir. Servir é ser livre para Amar.

Textos

Idílio Macedônico



O poder de ver não é enxergar. O poder de ver é saber quando cerrar os olhos.
Toda visão de pecado é em si a antevisão de tudo que é normal.


O enxofre eu sei. O enxofre sou eu. Só o uso para lustrar as linhas dos sapatos que moram em ranhuras dos meus ósculos. Só eles sabem de fato o que são pomos das Hespérides e o que são tomates aos elefantes. Os passos foram dados. Mas o coração vai muito mais alto e sempre além. Hoje me preocupo. Tenho logo que deixar de ser o filho. Hoje me preocupo. Preciso de um lugar ao Sol. Preciso definir minha profissão. O trem temerário é rápido e logo devo saltar na estação. Tudo que procuro é imenso e discreto. Agora o sentimento me traz o que é certo. Idílico por tão ser idiossincrático... Cavernas tão antigas, sim vivemos na terra antiga. O pé vem na cara, agora já não tenho mais óculos. Não posso descontar a violência sofrida. Não tenho tempo de tratar as feridas. Estamos de passagem. O raio do viajante eu sou. O corpete insonso do algoz me acusou. Minhas pernas afinaram. Muito da pouca energia se perdeu, a incrível sina, daquele enlace na colina quando o conclave pereceu, e jaz corríamos com o tapete voador, vi muitas vezes o bromar avilto a dizer mil vezes mil mentiras ao meu respeito. Essa incrível demanda só funciona na medida em que o dano concorda com o cristal quebrado, se tudo é obscuridade na lua que me chama, onde esteve o amor que me pôs em tua cama? Você! Quantos mais saberão quem é você? Em minha cabeça recebe-se o convite. Raio que me abriu a alma a um azul que vem do Carmelo enquanto eu como do doce de Marte. Isso poderá a voltar para seu maravilhoso? O conforto vem do desgosto. Quem dá a cara à tapa não pensa em ardor, pensa em arder. Chama a chama. E agora meu festim de capim dourado doura ao Sol, muito mais do que antes, a glória de superesforçar sem limites. Quiseram... E em sonhos eu aceitei, não há mais a densa floresta em meu país psicológico, das árvores que plantei. Painel desabado. Coração rastelado que rastejou por socorro em prol do Idílio Macedônico. Em paz a corte cola com grude de farinha o cartaz que invade a cena e aumenta “o amanhã colorido” para quando o suporte invicto da superinformação não impedir e tolher aquilo que de bom há de ser. Somos tão jovens e isso não é um erro que o tempo vai desfazer. Quem é jovem assim, tem todo tempo do mundo, mesmo que este tempo seja só poucos segundos, segundo a eternidade. Vamos que a península ibérica já fez a sua parte e agora toda Caxemira ri de nós e nos guia. E não há o infortúnio e depentério daquilo que só tem nome em Grego Clássico, e talvez em Latim, mas não se engane, o português recebeu mais que o de costume e customizou-se em todo resplendor ao redor e chorou antes de morrer de saudade. Melhor assim se de tudo que eu vi e vim foi para não chorar nesse momento, pois o que é a irrelevância da vida diante de todo nosso amor que eu anuncio é o Infinito Imortal? O quem pode mais do que o Amor? Meu vício meu som. Minha corte minha sorte. E quem quiser experimentar da minha sombra que despregou, esteja à vontade o outro lado de mim, também é pedagogo.
O ‘quando’ é tão bom. O quando mostra que o contexto é o momento certo, da forma certa e ponto final... Mais do que isso é refrigerante quente no lugar da água fria. Não pensem que há um descompasso, meu pai é todo pátrio e sou de sua cria, e se hoje ele não é capaz de acordar é por causa de minha sina, de onde vem todo cenário do cenáculo no qual ele preparou para mim. Foi assim antes e será assim depois. Eu choro agora, sim o compactuado fora também um acordo quebrado pela mixórdia e quixotismo de discórdias em nós mesmos, que nem comíamos pizza, e vigiávamos os egos em fila na escola muito antes do ponto em questão de sermos uma multidão. A gralha que finda o pensamento muito antes dele entrar. Um som ensurdecedor. Muitos professores querem me esperar, o fato é que quando eu voltar, não terei que me arrepender. Não terei que aprender. Sou o que Sou. Não com eles. Não assim. Não agora. E não mais. Hoje quase perco o chute ao gol. Devo dizer que provas são também feitas no arpoador de todos sentimentos, aqui nessa diversa dimensão. Então o que ensinar? A religião...


Toda religião é cega naquilo que procura encontrar.
Acontece que muitos já encontraram.
E você, o que procura?


A coragem incide exatamente em não saber mais, buscar buscas, encontrar respostas, esquecê-las e enfim ter a coragem de não levar ninguém consigo para o precipício, pois todo precipitado se torna a evidência do produto manifestado, enquanto que o lance aqui é passar despercebido. Votos de Silêncio, se lembra? O pecado cria a solidão, pois é na solidão que fazemos o exame de consciência e sempre, quase sempre somos tão algozes com a nossa falta de Gnose, somos tão carrascos de nós mesmos. Que essa escuridão me dá até medo. E não adianta acreditar no mito artificial, antes não adiantava acreditar em nada, porque nada mudava, agora mudou e eu acredito, ou melhor, eu peço e vou, eu torço e vejo, imagino e desejo. Afinal, não era esse o segredo? Retrato do Brasil. O Espetáculo dos Consortes no Amor? O descobrimento daquele desejo aplicou a ternura na terra da pele nua, que de duas em gêmeas almas, argênteas e agora só uma. Não tememos no que decerto isso vai vingar. Apenas não quero parar o que tão-somente começou.
Posso sair tonto a cambalear, e cair novamente que ninguém vai notar, quando essa queda derruba o mundo, o mundo trata de nos silenciar... Quando chega para um homem seu réquiem tudo é replay. Quase perdi o horário da divisão terrena do erário avençado na benção do que se tornou público do que antes era meu.
Agora sofro com esta Sexta-Feira Santa. Sabe é tanta lembrança esquecida, que melhor mesmo é não entender e não impedir a “sina” de Deus na Terra. Hoje compreendo mais sobre a vida, hoje neste ano de 2012, sou ainda uma criança pequena que escreve em sua tabuleta selvagem os rios e paisagens que levam a poesia ao seu mar. Domingo meu irmão mais moço faz aniversário, quero poder cumprimentá-lo deixar seu presente com ele contente, pois quando ele está feliz a vida vira um doce. Acabo de ter um sonho com ele, e agora que são 3h e 52’ da madruga, fica a dúvida era sonho? Ou prévia da realidade? A vida em seu compasso de atos invictos pede ao infinito mais lenços para suas lágrimas. As lágrimas são o sal da Terra e não adianta, não importa, um dia você vai verter. Mesmo que ninguém entenda, que acho a morte uma coisa muito pequena e bonita diante da grande eternidade de quem ama (Nando Reis). E mesmo fazendo com que a fazenda de esperança seja a vida em abundância para toda humanidade dá vontade de dizer: “o caos é um operário para quem opera magicamente”. E nosso esforço de ordem é na verdade: “o opróbrio pedindo ‘com licença’ para saltar! Tchau Radar” e certamente eles passam, certamente tudo passa, menos as montanhas e menos o Senhor. Feliz Páscoa!


[...]


A luz. A luminosidade. As Esferas. Fazem de tudo para que isso que pressinto seja uma festa. E sei que é certo o envolvimento secreto do quase perfeito com o quase fracasso. E assim vou de sonho em sonho, passo a passo, pois avança ao redor de nós a quimera que antes sofreu e agora se liberta, pois há múltiplos olhares em cada amanhecer para cada primavera. E não é bom fechar os olhos antes de perfumado som.
Não é bom turvar o olhar sem ter certeza que é charme, pois se não for charme, não haverá dele a pose e a posse. E assim como eu Cupido vou acertá-los? E quem foge de mim hoje, não tem problema amanhã quem sabe a gente se esbarra na barra de mais um dia que começa sem amor. Agora paixão é diferente, mas paixão pode também vingar em amor. Pode levar para o coração a paz e o conforto da solidez de sentimentos e virtudes moldadas no caráter tão provado em ação.


“O fato é o ato da procura e a cura não existe só”.
Sandy Leah


Amar as rosas, é cuidar de sua alegoria singela, dar-lhe água é provar de suas pétalas, é sentir o quão de Sol é bom, é prover sombra. É podá-las quando necessário.
Amar as rosas, é educar para o cuidado. Sem o ciúme e sem o regalo. Agora todas as rosas são para ela, a rosa é uma metáfora do símbolo do amor, que nos transporta para o estribilho exato o estampido em todas querências da lealdade e da fiel companhia. Sim nós caminhamos para a Agripina gripe fatal. Mas não faz mal: “amar é pegar o resfriado dele”. Nessa verdade fatídica a crueldade da vida é o movimento.
E a nação não se importou com o avanço arbitrado pela livre-iniciativa do aculturamento auto-etnocêntrico por fascinação, tanto do índio em sua oca, tanto do jovem na prisão. E o medo é o dedo no gatinho da maldita decisão, afinal você está em luta, mas não vê que o assassino é você. Derrotado. E para isso às vezes não há perdão. Então vá comprá-lo de alguma igreja caça-níquel com dízimos que dizimam a fartura da economia de sua casa. E quem sabe a mentira dê um basta no pesadelo que te consome. Um basta que, aliás, é o elo que te prende. É tortura e é TV. É loucura e é você.
Não me venha dizer que não quis esperar por você. No futuro de nossos sonhos foi radical e tenaz o coração na pedra angular. Se você iria me perder, porque então o reencontro? Eu que é segredo, mas em relação do Cristo ao Homem, eu vou ao Homem, pois a mim você me tem; Soldado Imortal. A vida foge aos montes, e foge rápido, a vida fode aos montes, e ninguém é tão monge para não revistar o objeto perdido. Desejo Proibido. Libido Infernal. O Poder e o Pudor. “Drops de Deus/Filosofia Fast-Food”. Quando se pensa em amor. Quando se pensa em amar. Cada som é sonho. Cada olhar um olhar de eterno horizonte, onde os desejos e propósitos se explodirão. Afinal é só se perdendo que se encontrará. Só perdidos chegamos ao paraíso, só cegos para as convicções vem o Dragão dar asas as nossas últimas ambições, o sangue tem que está quente, é vapor o que saí da termal água, banho secreto, olhar no olhar – isso é ser humano – isso é afeto. Agora está tão próximo de dizer que:


O Valente Morreu Sorridente.


E não era para ser diferente, afinal foi ele que decidiu o impasse, o cão agora descansa perto da lareira, a braseira incendeia a ambrosia que ali se irradia. Fã. Fome. Afeto. Sim eu retalho as entrelinhas. A vida. Me deu o amor e esse se dividiu – compartilhou, amo em esferas de segredo. E agora o sexo virou cosquinhas. Afinal cá estou com minha velhinha apagando mais essa teimosa velinha. Não aceito os planos de Deus. Quero ser imortal. Mas não como a ciência oficial apregoa. Quero ser imortal como um Deus. Quero todos que amo também imortais. Quero vida eterna aos meus pais. Ainda bem que hoje é domingo e vou à Igreja, já era em tempo de me acalmar. Mas a minha contradição ali está, máquina Kirlian pode me fotografar, a cauda também está em mim. O que falta por descobrir? Elas dançavam em minha volta, eu sentado elas jovens e senhoras sedentas, minha chama pequena... Mas não faz mal, fracasso seria não prosseguir, fracasso seria não se resvalar fugindo decentemente pela tangente. O problema é que a mente deixa rastros, e o entorpecente draconiano é confundido com a entropia que fere ao homem mesmo no chão, só para ele ver que ainda está vivo. E a misericórdia é a compaixão para com o coração do miserável. Mas nem todos que rolam e que gemem são miseráveis, como bem mostrou, Victor Hugo. Precisamos da misericórdia se quisermos sair do lodo. É estranho e culposo. A entropia é infinita assim como a perfeição. A perfeição te eleva às estrelas, a entropia te obriga a escavação. A perfeição é das montanhas. A entropia é das entranhas. Só emplasto de confrei não adianta, só permanganato no umbigo não resolve, o plexo precisa de abraço, precisa de amor. Amor se alimenta de Amor. A luz dos olhos se alimenta e se conduz pelo olhar. O olhar é quando temos cristal de paz no coração. A paz é quando se venceu a tentação. A tentação é o que te prova numa escala infinita da humana condição. Sem ela não se sabe. Sem ela não se é. Sem ela não há fé, que é a luz expandindo-se em compreensão. É a luz voltaica é a luz que volta laica e porque não? É a luz no espelho é a luz que volta com segredos – criando a religião. Acaso fora de consorte ou covarde que de um veio o advento das duas metades? Isso é acaso ou predestinação? Pode o humano coração compreender o que essa sorte significa? O que se passa em dois corações que só a pura decência aflora em lótus o perfume sincero gravado para sempre em cada olhar. Preso no amor, temos o mar. Presos na paz, temos o cais. Seja conviva e trate bem seus hóspedes, não sobrepuja em olhares as mulheres, e de afinco que sua luz umedece os cancros da laringe. Solte sua voz, mas não grite! És um rapaz sincero, não se sinta tão culpado, eu não te julgo com a mesma limitação com que te julgas. Mas por outro lado o recalque é bom. Afinal em seu palimpsesto, você não está tão longe de mim. A tentativa e não o acerto vale mais ao coração. E fala ela mais alto do que o (in)justo julgamento de si próprio. Macacos me mordam. Fui alvejado na frieza do que sinto, pelo voo sortílego de 70 periquitos EM REVOADA. Anjos do Céu.
E cá agora estou eu. Ainda destoante do que eu era antes. E fraco e injusto sei que não ser o que se é, gera um absurdo.
Ou um eco no silêncio... perguntas que o tempo tenta o respondimento (ah e não pense que não sei como escrever) e aquelas borboletas que sorriram para mim, não estão mais aqui.
Qual foi a última vez que você a levou para comer um sanduíche? Qual foi a última vez que acertou para ela a cobertura do sorvete? Se lembra que quando eras um namorado, o mundo todo era tão pequeno diante dos seus sonhos.
O que aconteceu agora? A solução é um motel? O que aconteceu com você? Sempre perdendo as apostas para Aqueronte, o que te levará adiante? Se lembra quando tudo era eterno? Mas eu via o medo em seus olhos, eu via o medo em sua rede, agora sei por que é assim sua mente, tão vasta e moderna, tão pequena em sua cela. Consegue por acaso em mim se apoiar? Vamos que esse túnel é longo e temos que andar, vamos que o lodo você já escavou, vamos que o medo desconjunta os quietos, câimbras é o que para ti eu peço. Não vá correr em frontispício pela estrada que conduz ao cinzel afável do rudimento do castelo em ruínas. Corra meu diamante louco. Corra príncipe do amor. Não tenha medo dela. Não tenho medo de amar a bromélia. Você sempre a amou. Siga a vida em compassos cada vez mais raros do ímã maior. Ela a Pérola. E você o Rouxinol. “Ela me disse que trabalha no correio e que namora um menino eletricista”.    
E você quer atravessar a ponte de metal sem saber que o óbolo que conduz ao ósculo sagrado guarda no óvulo a semente, decentemente. Via Láctea semeadura. Intacta de infinita textura onde os textos do acaso recebem a assinatura de Deus. Fogo Astral, corpos intactos por envergadura dos genes e protoplasmáticos que são traziam os recados de antigos éons:


“A semente é vidreolácea...”  


As sementes já foram espalhadas pelas mãos do Agricultor... agora Ele que julga do porvir o melhor, sabe que a Macedônia ressurgiu em hipérboles insulares da península que toca o meu coração. Agora Ele sabe que o abrigo está em tremenda tempestade de decisão. E por sorte o consorte de sortilégios (dos malditos desejos) não vai aniquilar o sonhador. Agora você tem do corpo um âncora, não que que o corpo te aprisiona, saía voe! Você pode, sei que se lembra de como fazer, sei que anela por querer fazer, então não se reprima, não será uma obra prima, mas devo que confessar que você ainda é meu bom pastor. Não perca jamais o que sempre não há esforço para encontrar. E saiba sempre que só os valentes tem do uniforme a insígnia real de: “Mestres da Verdade”. Enquanto abundam pelo mundo os enfeitiçados pela vaidade, correm pelo mundo os “sensores sem poder de censura”, e eles podem até tentar, mas como vão me censurar? Se da língua sou um fã. Se da língua sou um filho. Entenda tua mente urgentemente eu, não sou um inimigo. Sou muito mais um anacoreta adormecido, um cometa ou diria aquela bicicleta. A paz que eu levo adiante é a mesma paz que eu trouxe no olhar. Mais uma vez estamos aqui, aguerridos e tão pouco perdidos além do que a estrada faz perder, antes você fora Zaratustra, agora é o He-Man, ambos músicos, ambos a música e o que eu pude levar? As moedas de prata ainda pesam na lembrança. O estranho gosto do ar secando a vida perdida numa trança. A minha garganta seca, o prumo é contumaz, a vida sessa. O jantar é para mais tarde. Agora me vem a pilha de garrafas de refrigerante, e eu quis água, só água apenas... O que pesa na minha cabeça pede apenas para seguir na travessia, não haverá ponte, não haverá ponte sobre o mar, é tão leve o neon se apagou, é tão leve o peso desabou. Marte es cierto que me llamó la... O combatente não pede passagem, ele simplesmente mergulha mais fundo. Profundidade. É o que dá o relevo. Eram 30 moedas? Ou setenta vezes sete? “Quem vem lá?/Quem será?/Que vai me salvar a vida outra vez/Vai fazer de novo o que nunca fez?”. Quem pode acertar quando a memória já não mais em mim mora? Quem pode saber quando o fio do enlevo não leva mais a nenhum enredo? Vamos que Marte já se levantou e não para... vamos que agora é a hora...
“Esperar não é saber”; como diz a linda canção. Mas ir para onde se aqui não há corrimão? Talvez o melhor seja dizer: “Não se desespere por esperar”. Ninguém perde por esperar, quando tudo parece obscuro, quando os vivos e os mortos levantam a cabeça diante de Deus, a multidão sobra? Quando espírito e matéria pedem por uma auréola comum, é da comunidade com unidade a ser formada que dou meu golpe final no bem e no mal.



Este texto é parte do livro ainda inédito “Frutos do Éden” (um ensaio poético/filosófico).

Leonardo Daniel
Em algum momento de um certo lugar de 2012
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 13/10/2020


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