Léo Daniel

Amar é servir. Servir é ser livre para Amar.

Textos

Pinguins de Geladeiras


A loucura não é uma consideração cultural. Ela é uma doença para matar a cultura. A loucura não é uma comiseração pessoal ela deixa indefesa a alma nua. Só há justiça no amor... dizem aos quatro ventos os porcos e o santos... mas eu trocaria o amor pela paixão. Hoje eu lidero um exército, o exército da paixão... pinguins no litoral que são diferentes dos pinguins de geladeira. A geladeira gela o remorso. A geladeira tem sempre o mesmo propósito. Pinguins de geladeira são ao mesmo tempo totens e tabus. E você já não se vê no espelho. O que fazer se acredita em Deus? O que fazer se não acredita? No litoral ninguém precisa crer em nada. É até ridículo. Se quiser agradeça e isso é tudo. Meus pinguins vieram de longe, e seus olhos não usam black-tie, meus pinguins vieram de longe e aceitam Deus como pai. E o amor? O amor descansa na tradição, hoje eu prefiro a paixão. O amor tem a certeza de todas as coisas, a paixão a curiosidade de uma criança, sem perguntas e sem respostas. Apenas inquietação... a vida não medita a vida quebra a medida. Problemáticas se resolvem com desenvoltura. Problemas não têm solução. Preocupações esquentam e fermentam os problemas. Ilusão. Bebida a ferro e fogo. Que desgosto. Meus pinguins ainda são crianças. Alguns bebês. Mas não se enganem são mestres que vieram repartir as joias da coroa. Não se assustem se há tempos são os jovens que adoecem. A vida chora por não morrer. A morte tão linda chega um dia a ser vida. O colapso decisório levou esse homem a chorar de a dor da humanidade, douto de grito tão forte quebrou sua televisão. Rouco de um olhar tão significativo que arrebentou os panos de prato. Que traiçoeiro ser e ser verdadeiro. Que gincana boba a luta pelo pão. O Capitalismo ético é o próximo cadáver no porão. De pensamentos tão unguentos tão ridículos tão mesquinhos, é na diferença que o destaque não é o realce do coração. Mas há exceções. E eu vivo pelas exceções, exceções no caráter, na vitória, na escola, na arte de se viver. Enquanto que os excessos pedem para eu parar já que minha ortografia não permite ir além, bobagem, eu vou onde o Houaiss me levar. Vida que se prende também ao porão. Meus pinguins disseminaram a paixão. Têm dharma para isso. E se há tempos são os jovens que adoecem. O número 01 a conta já pagou. O que fazemos sem planos e que levam muito tempo para compreendermos são justamente as melhores coisas que já fizemos. Quem ficar na geladeira vai sentir frio, quem trouxer para esse mundo o próprio tesouro de sua alma, ganhará o que nem sabe que existe, nem sonhou, nem tocou, afinal pensa que o número 01 tá pra brincadeira? Não. Ele tem propósitos e maneiras de doar da própria loucura que até os Deuses perdem o chão.

“A Grécia desperta seu lábio de Apolo
Quero sim um beijo seu”

Nando Reis

do livro: O Menino que queria um abraço
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 26/09/2020


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