SANTA BURRICE
Desde cedo eles nos obrigam a sentar e a calar Desde muito cedo eles nos querem como seu par Preferem riscar Do que arriscar Riscam os riscos que escorrem nos risos de alguém Calam-te a boca te chamam de ninguém Apertam o braço te convencem: um fraco Disciplina e ordem progresso e nação Não te deixam falar da grande paixão Futebol não está em questão A foto mais fala que a razão Te controlam a inspiração Te sufocam a respiração Se acham muito espertos se dizem cidadãos Querem o seu senso crítico sem rima Mas com refrão Querem o seu umbigo o centro da submissão (2x) Copiar como um xerox Ler tudo que é chatox Com direito a pós-graduação Sempre sentado atolado de ilusão A vida passa ao lado Distante dessa emoção Eles te oferecem um fardo Ganhaste no show do Milhão Um tapinha nas costas do Faustão E assim aprendemos na escola A não sermos mais irmãos Esquecem que a poesia é mais do que teoria É impulso de vida que nos faz dar as mãos (Fiz este poema para João, um amigo da faculdade de Letras da Unesp de Araraquara, em 2003, e com este poema tomei consciência do que era ser poeta)
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 21/09/2020
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