Num mundo em que os olhos se fecham
De tanto pavor
O medo do escuro
Não é um trauma da infância
É um muro alto
Que esconde de um lado o presente do passado
E do outro o presente a ser mudado
Onde o futuro é a sombra do Dragão
Projetada a quilômetros pelo chão

O pó quase se levanta
Brilham partículas de orvalho
Nos bosques da vida
E se estamos ainda de dia
O que fazer antes do anoitecer?
“O que for ligado na Terra será ligado nos céus”
Então ficarei com qual papel?

Não há escolha pra quem
Não sabe viver
Pois a cada momento
O engano domina a luz
Que há em você
Somente puxando o freio de mão
Parando o carro e mandando
O engano descer
É que um dia poderá escolher

Somente atirando
A pesada âncora
Da dor no oceano
De lágrimas e suor
Parando o barco
E expulsando o falso mercador
É que a escolha lhe será dada como Senhor

Se seguires como Dragão
Voarás ao encontro com o Sol
Se seguires como Sol
Iluminarás a chegada do Dragão
E de tudo tiramos a lição
O medo do escuro
Não carece mais de explicação
Treme a espada e o escudo
No caminho da iniciação