AS SERPENTES E A NOITE
Tanta areia, tanta estrela
Tanta fome que as serpentes Viajaram pra longe da gente Foram em direção ao céu Girando, buscando, girando Elas encontram o seu papel Morde o próprio rabo E devora a noite E guarda as estrelas no seu olhar Na terra um bravo índio Vem reclamar Querendo novamente a noite Pra descansar E a serpente mesmo valente Não aceita o arco e a flecha Como troca Ela quer algo melhor E aceita numa bandeja Um chocalho Que logo, logo O prende no rabo E em troca ela Devolve uma noite apenas Mas como isso não resolveu os dilemas O índio corajoso Pegou das mãos do pajé O veneno poderoso E trocou esse veneno Por um saco de ventos Que tinha dentro a escuridão Mas sem as estrelas Que ainda estavam no olhar Ele então tinha que salvá-las Já que tinha tanta areia Perto do mar Ele resolveu desenhar A serpente mordendo o próprio rabo E lá do alto a serpente Ficou encantada E pouco a pouco Foi devolvendo as estrelas Numa lágrima 05/09/04
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 31/08/2020
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