Metanoia
Capítulo XIII Metanóia Já tinha dado por satisfeito, alguém assim como um derrotado. Um banquete de signos de mim, aos meus inimigos. Alma no chão. Ânimo dilacerado. Já tinha aceito ser vencido e ser julgado, e, assim me consumir no que sobrou do que sou sem minha religião. Quase nada. Mas então, ela veio e me mostrou que não, ela é a minha psicóloga. Me falou que eu poderia sim ser católico sem viver dos mesmos e velhos preconceitos da multidão. Me convenceu. Metanoia. Conversão. Eu só sei me imaginar como alguém que quer ser cristão. Isso desde menino eu sinto. Desde quando era coroinha nas missas de quinta-feira. Deixo para trás o niilismo, o cepticismo, e tudo que não é para mim importante. Me interesso por símbolos, me interesso pela futura simbiose, por ritos, por Rita Lee, me interesso por cores e sons, música e dons. Mas confesso que tirando a música, nada me interessa tanto assim. Me sinto triste, e a tristeza tem sempre um convite: “vá para mais perto do poço”. E o que eu escuto é só o eco pedindo socorro e a reverberação do meu coração me levando para o lado oposto, onde mora minha pequena, minha casa, meu lar, reino entreposto. E propenso. Ninguém quer separar Almas Gêmeas. Porque elas são de outra matemática. Paciência é o que faz o triste som ir embora. Paciência é o que faz o sonho chegar sem demora. Metanoia sempre acontece pela metade, agora não sei como fazer - o que será daqui em diante. Conheço meu futuro, mas ele muda a cada estação. Conheço meu futuro e ele está posto na palma da minha mão. Mas conhecer não é percorrer. Conhecer é o convite para a viagem. Não é a viagem e quem é o viajante? E só se viaja um dia de cada vez. Um dia por vez e nada mais. Os dias vêm com todos seus imprevistos e bobagens dessa gente que tem orgulho em dizer: “eu não preciso do amor”. Mas devo lutar e forças Nele buscar. Tenho ido muito à missa ultimamente, sempre que posso eu vou, e isso é três vezes por semana, redescubro que sou e sempre fui uma criança, alguém muito religioso, mas que agora não há mais dicotomias, não há mais fantasias, sou católico neomarxista com visão gnóstica da realidade, essa é minha religião, ela é pessoal em sua acepção. E precisamos sim fazer o religare. Precisamos sim saber do porquê de estarmos aqui. Sem temer o fim que não existe, ele é só um episódio. E isso só se aprende com quem sabe, minha pequena sabe, minha psicóloga também. Eu também sei, e, sei que sei. Isso gera frutos e traz muita responsabilidade. Isso gera dividendos e fins de tarde. Pois a vida não é um tiro certeiro na outra metade, a metanoia é um tigre atrás do Sol em procissão. Sem tempo não há metanoia e sem ela não se aproveita dele. E perder o tempo é grave, ele é o que de mais precioso temos. 22/04/2013 texto do meu livro: "O menino que queria um abraço" https://clubedeautores.com.br/livro/o-menino-que-queria-um-abraco
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 27/07/2020
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