EROS E PSIQUÊ
“Ela me disse que trabalha no correio/ E que namora um menino eletricista” Renato Russo Era uma vez Eros que amava Psiquê. Eles não se desgrudavam, um abraço eterno como quem diz: “Eu não sou um, sou dois, sou ela”. Ela era mensageira, ele gostava de iluminar ruas escuras. O país era grande e por isso gostavam de viajar. Estavam sempre a afim de levar a mensagem e de iluminar. Mesmo sabendo que a vida é curta e que precisariam de outra chance para impedir as cataratas de cegarem o povo. E para que não haja cera nos ouvidos dos jovens ávidos por conhecimento e justiça. A vida sofre quando eles temporariamente fazem algo que os tenha que separá-los. Como uma viagem ao congresso dos alquimistas. Como por exemplo, um aperfeiçoamento de eletricista. A vida ganha em sabedoria e compreensão quando eles se despedem ao voo de qualquer avião. O Amor. Eros é o Amor. A Alma. Psiquê é a Alma. Assim que se conheceram, tava um frio imenso, e Eros deu para Psiquê seu agasalho verde e amarelo. E para que ela se esquentasse lhe deu um abraço de leão. O abraço foi muito forte e ela teve alguns arranhões. Eros ficou triste e preocupado, quando Psiquê fala baixinho: - Deixa de ser bobo é só um arranhado! E assim passam o mertiolate incolor e quase inodoro. Desde então não há mais abraços de leão... as unhas foram cortadas sempre que preciso. E sempre que preciso e sempre era preciso, se encontravam com um abraço e um beijo. Coisa linda de se ver. Psiquê era corajosa e destemida, ia aonde seu coração mandar. E quando precisava mandava sem fraquejar. Já o Amor sonhava em ser Alma. Era charmoso e delicado como um verdadeiro cavaleiro deve ser. E há de vingar, pois o que é luta e na fé, abre os nossos olhos. Tinham pouco ciúme um do outro e mesmo o pouco o ciúme era tão sinistro, às vezes que, em 2008 quase fez o 2 virar 3. Pois quem desconfia tem uma alta fiança a pagar, e isso se chama abominação! Mesmo assim, contra a loucura de qualquer defeito de fabricação temos a(o) (c)oração. - Amor você tá bem? Sinto saudades! - Tá tudo bem meu Anjo, também sinto. E assim sem saber se o pronome é dêitico ou anafórico. Os dois se intercalavam nos afazeres diários. Quem sabe faz. E eles sabiam e faziam, não ligavam para os defeitos de fabricação ou de mau uso dos astros imóveis, amavam a humanidade e dela se sentiam irmãos. Só há uma família. Tinham tantas casas para visitar e logravam com o desafio do dia-a-dia de não deixar que as pessoas ficassem para titia. A vida era dura. Muito trabalho. Muito elaborado labor. Da ilha futura sentiam um cosmocrator. O Amor cuidava da casa e das refeições isso chocava a sociedade que queria ele no fronte de batalha. A Alma tinha um sedan e dirigia para todo lado. O Amor só gostava de pilotar sua moto custom, cujo banco do carona é impraticável. Saio para jantar. O luar... não vejo as lágrimas subscritas nas insígnias do antigo herói... São Miguel Arcanjo e seu cavalo branco. No chão Draco disposto e acabado. Mais tarde a luz costura sua sombra em mim mais uma vez. Assim também era com Eros e Psiquê. Eros se humanizava pela força e candura de Psiquê... sombra costurada... para sempre e sempre... Psiquê se divinizava pela vontade e força de Eros... sombra costurada... Luz em foco. Focando o que antes era só sonho. Para sempre e sempre. Psiquê ensinava como cuidar de casa (o planeta) e da comida ela era uma cientista. Ele ensinava a ler e escrever, era poeta e professor da última flor do Lácio... e os dois... ele e ela... eram Ele e Ela o vapor em condensação do valor mais atônito que já vi. Pensar em amores? Para os dois era impossível, pois só se vive uma vez o que por certo é a liquidez de toda solidão. E o que virá no futuro quando Ele for obrigado a respirar? O que Ele verá nas noites claras - de chuva? E nos invernos escuros de verão? O certo é que quem ama protege, e agora sim, eu sei o que nos trouxe até aqui. Ser paciente do mundo não é bom. E quem disse que o fim é bom? Não há final feliz... O Amor torna-se Alma. A Alma torna-se Amor. E para isso o final é só fumaça na chaminé. Cá jazem as cinzas no capim. Cá o jaz “ai de mim”. Tão forte e bem logrado, fora os frutos do amor: “A Invenção do Afeto” não é só um livro. É a Alma do Amor. O Amor da Alma. Filha minha “Pela janela eu estarei/ De olho em você/ Completamente paranoico” Quando estiver nas lindas águas da memória, saberá que tudo que vivemos foi para a Glória. A Glória do Amor. Esplêndido em Coragem. Formoso em Labor. Santo em seu Nome. Laboratório Santo. Onde Eros-Psiquê oficiou. Quis contar a única história que sei. Peço as musas olímpias o perdão por onde errei, e, agradeço o enlevo e a vontade, para narrar o que agora está no agora, e que sempre fora assim... e amanhã será por ditoso ver nascer novamente e por fim, o casal de Querubim. Afinal é “Outono em Porto Alegre”... “AMAR É PEGAR O RESFRIADO DELE” este texto faz parte do meu ensaio 'Frutos do Éden' disponibilizado gratuitamente aqui no 'Recanto das Letras'
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 19/05/2020
|