O CATADOR DE LATINHAS
Já era bem de noitinha Ele vinha numa bicicleta vermelha Bem fininha Ele era fino Chinelo de dedo, bermuda e camisa aberta no peito Ele deu um jeito de dar uma paradinha PENSEI: “Uéh! O que esse cara tá querendo Parando em frente ao meu aposento?” Foi então que descobri Tudo estava debaixo do meu nariz O cara da bicicleta magrela e vermelha Catava latinhas Dessas de bebidas Só que meu lixo não as tinham SENTI: “Nossa! O que é a vida? Pobreza gerando riqueza? E esse aí é meu irmão...” Que medo de ficar cheio de mim Na solidão da escravidão Se não pensar, alguém vem pensar por ti Mas mesmo assim Não se explica o submundo dos arrepios Desse vento frio da ganância PEDI: “Oh! Calafrio desumano se manca e traz de volta a esperança!” -- Quem disse que não trouxe a esperança? Veja aquele catador É um senhor! E de dia e de noite trabalhando Consegue o sustento É o que pode ser feito a esse sujeito! CHOREI: “Como pode ser assim natural Se dentro de mim desdobra em dor esse final?” O catador de latinhas Estava com sua caixa vazia E já era tarde da noite E quando mais procurava Mais se distanciava Me pergunto, como pode esse absurdo? PERGUNTEI: “Não vivemos no mesmo mundo?!” Em casa quem o esperava? Tinha ele sequer uma casa? Ele se tornou um super-herói? Talvez o homem invisível? Ou é tudo uma farsa? Não passa de um esquisito! AMEI: “Um homem esquecido...”
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 02/04/2020
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