Léo Daniel

Amar é servir. Servir é ser livre para Amar.

Textos

ENGENHARIA HAWAIIANA
ENGENHARIA HAWAIIANA
Um manual de sobrevivência

Por Leonardo Daniel

27/03/18




PRIMEIRA PARTE: O MERGULHO


Te vejo infinita
Invejo quem grita
O fim do silêncio: canção que não acabou

Interna luz em fuga
Lanterna sangra e suga
Pra ouvir melhor, melhor apagar a luz

Engenheiros do Hawaii - Túnel do Tempo


A vida pode sim ser uma menina de recados. A vida pode sim vencer a morte escondida em cada lado. Seja agora, ou seja: adiante, a vida pode ser também um perfume, evitando a rima fácil e recados indeléveis daquilo que era do rei, aquilo que era do sempre eterno, de quando infantes éramos, éramos do absurdo de seguir adiante, soubemos que era um xeque. Um xeque mate na má vontade, de tudo que era – de tudo que fora, seja agora ou como disse seja adiante, daqui a pouco eu vejo a vela – agora eu vejo a âncora. Dessa forma entramos num colapso quase total, pois sou eu o menino de recados, pois para subir é preciso descer... e esse mergulho não é fácil de acontecer. Navegamos em sonhos inóspitos que me tem no ancoradouro do amanhecer o evangelho imperecível, e, sempre que possível vem a vida dar seu grito... eu toco na mão dela... E por que não der certo? Se o que trago faz estrago em qualquer sino de Belém. Em qualquer tesouro... em qualquer substrato daquilo que me traz tanto estrago de tamanha preocupação. Aceito sim um último beijo seu... Aceito a purpurina acima das colinas, pois sei que era esse seu plano. Aprendi vida após vida dobrar meus joelhos pra você, e não pense que é fácil... Ilumino por ser iluminado. E como fugir de ti? Se é de ti que posso amar? Que venham os poemas... que venham as armas químicas. Sem saber se o entrecenho é certo ou inverdade daquele que de propósito matou os parágrafos e que sabe sim o que é melhor para mim. O melhor em dizer tudo àquilo que fazia de José Sal Amargo o erro péssimo de crer na crença de um ateu, ateus divergem onde só existe a metafísica. E assim levam embora o sopro do dragão, nada sério, nada etéreo. Enquanto a vida vibra e possamos sim juntos vibrar numa frequência de amor, leve sútil e cheia de vontade. O livro está no corpo e o corpo está à frente. O entusiasmo é o sorriso de Apolo, e, o percalço do mal aponta pra outra direção, só sei assim, relatos do sem fim. Onde a glória e a vitória trazem rosas mortas pra você que não sabe mais amar. Como pude ser tão rude, quanto o crime era só um dilema, sigo sim e trafego sozinho, para onde só Deus sabe. Só Ele é capaz de saber, seja pela vitória, seja para todo e qualquer lugar, a pressa que tenho que rouba o altar. E SEI SIM: o percalço não é o fim, e o fim na verdade são sinais, são pegadas de elefante, eles têm a cidade nos pés e a esperança na lembrança, pois é claro que são honrosos e com vias para o que der e vier. Com vias cada vez mais distantes. A glória de se banhar ao sol, é o que ativa a for de lótus do entrecenho. E nessa época de tantos afazeres mecânicos, não podemos mais apelar para as divindades. A afronta daquilo tudo que sobrava na espera daquela grande sala, só você pode saber vir de você mesmo veio. Que entendeu e não relutou, pois o que temos agora são disputas arquitetônicas, onde os cílios fazem descer e repousar o paraíso. É isso o que peço. É isso o que de fato quero. E dá pra fazer! É plausível a necessidade de viajar, ó não sabemos ao certo onde é que devemos parar, e não se para de perplexo não se para de proposito, se parece simplesmente porque a vida se findou. E de todos caracteres que vamos roubar fica sempre um intento daquilo tudo que não terminou e logo vai continuar. Sem medo sem episódio trágico, simplesmente o recado de onde da vida se findou. E é claro, plausível e manifesto que isso se tornou escasso, mas se tornou santo. Agora e depois porque sim eu sei do fato que proclama um ato. Um ato de perdão. Se a isso aceitar, pode comemorar como nunca, se de torno sinal tautológico você não encontrar a saída. Abra. É o medo que não jorra o leite e mel... E sim flores capazes de levar ao delírio gótico e suas implicações. Sim eu sei que para meus ensaios, e meus livros em prosa eu não preciso de inspiração... Isso é um fato. Simplesmente escrevo, escrevo e escrevo. Sem fim, simples assim, algo mágico de uma certa certeza. Porque então o medo de escrever? Que eu escreva e que para isso eu use o tempo que for necessário. Mesmo que a cada dez anos eu publique apenas alguns presságios. Afinal, dependo do meu coração para pulsar, já que minhas palavras não são cinzas ou estão mortas. Minhas palavras são explosões feitas de enigmas, que se cumprem em toda glória. Ao qual pude eu constatar explosões de cores, explosões de vozes. E a minha miríade colorida focando os absurdos ilesos de onde pude tornar-me cada feito em um gole no copo de Coca-Cola. Pois é alfabético meus transtornos e onde pode o amor confirmar os desejos que me fazem tornar o Deus que me aguarda e proclama os feitos que dormem em cada nova cidade que me fazem pesquisar por todo decreto que invade a alma que tanto sofre por ser ela a desventura de cada pisar de ambos rompantes que tanto sofrem por ser apenas ateus à procura de Deus. E onde se esconde o Altíssimo? Acaso posso eu ser santo e ser inglório? Pode eu ser santo fugindo do opróbrio? Não, não pode. Não se pode porque não quero. Não se pode porque dá. É complexa esta situação. Estamos presos ao relógio do existir, é complexo o badalar das horas, é complexo o titilar de toda oferta sem explicação. E para nós que mostra o que é diferente, temos todas as chances ignóbeis de um cata-ventos de todos substratos pulsantes daqueles sonhos distantes que tanto podem dizer a mesma coisa de formas mitologicamente díspares. Já que o disparate mostra ao mundo que o mito limita o infinito e molda assim seres sem correção. E de fato foge ao inglório desfecho dos sonhos que levam o medo a quem só corre do perigo todo, perigo que vem do disfarce que do que agora se sente. E eu não vejo o novo de novo no horizonte, mas mesclo genialidade com armas químicas. Mesclo ainda remédios com cata-ventos. Cá no peito bate forte um tambor. E posso seguir meu ritmo, sem se preocupar com a flor, pois sei pedir, sei rezar... O meu olhar, o meu olhar, o meu olhar... E assim cruza pelo meu caminho mais um livro, um livro pouco lido mas que assim como os outros encontraram seu tesouro (leitores). Não pude reduzir a esta obra. Seu compasso de ladrão. Ora é simples fato eu vago como um ladrão. Um ladrão de ideias. Quais são as suas e quais a mim me pertence? Ninguém pode acreditar. Dizem que sou um intelectual, que eu vago por muitas lembranças, quando na verdade sou apenas um poeta-iluminador. E a poesia é consequência da iluminação. Ela não tem disfarces e nem admoestação. O sino toca. Nós atendemos ao chamado. Mais uma vida que atravessa em nosso quintal, mais uma missa vista na catedral. E sofre por cada um que sofreu para que haja a glória santa e vicária. Pois de tantos artefatos que sonhamos, ser nobre é o maior. Só porque soubemos dos estilhaços do engenho, só porque pensamos que a vida vale mais que qualquer desafio. E escrevo sem muita pressa, e escrevo com muita precisão. Já escolho quais dos sonhos são meus. Sonho de criança – sonho de Deus.

Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 06/07/2019


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