SOFÍSTICA: O SORRISO APAGADO
SOFÍSTICA: O SORRISO APAGADO
Ou Sobre o semi-analfabetismo para Paulo Fernando A problemática do semi-analfabetismo brasileiro nos traz uma triste imagem, na qual professores, alunos, educadores e a sociedade em geral queimam todas as noites livros e mais livros na fogueira da ignorância. De um lado, os alunos queimam as palavras que nem conhecem e assim ignoram a maestria que delas poderiam ter, de outro, os ilustrados fortalecidos em seus intelectos de pedra pensam que têm a maestria quando na realidade não a tem, prova maior disso é o próprio gangreno chamado semi-analfabetismo. Os alunos ignoram a maestria cultural das palavras. Os intelectuais ignoram que ignoram tal maestria e isso é a mola secreta que impulsiona e permite essa triste e vergonhosa situação de se estar semi-analfabetizado. O semi-analfabeto não é o analfabeto funcional que escreve seu nome e conhece algumas letras para um uso prático, o semi-analfabeto nem é simplesmente quem não consegue abstrair idéias de um texto, “não consegue interpretar”, o semi-analfabeto é aquele que não pratica uma intromissão no que lê e no que escreve, não revela o sentido exato das palavras que lê e escreve por não ver exatidão no próprio signo lingüístico que de forma cientificista é até considerado arbitrário. Os semi-analfabetos somos todos nós quando desconhecemos na etimologia o primado filosófico, quando amor é paixão, quando desejo é vontade e quando loucura nunca é a verdade. Com isso, devemos lutar para compreendermos a vida onde a educação significa mais do que etiqueta, onde ler e escrever significa mais do que repetir velhos enganos. Fora com a velocidade e imediatismo alucinante de uma alfabetização errônea, precisamos do tempo de reaprender que ler e escrever são aventuras necessárias à alma humana. Precisamos tirar a trave dos olhos para ver o cisco nos olhos de alguém já disse um grande alfabetizado e no livro das revelações que põe abaixo o teto de pedra (apocalipse) cujas telhas são tantas mentalidades convictas do bem e do mal, lemos: “Sejais frio ou quente, pois os mornos, vomitarei de minha boca” os mornos são os semi-analfabetos que pensam que a ignorância é não ver o mundo, as palavras e as coisas sob a ótica distorcida de suas ideologias que até prendem a liberdade do homem nas correntes titânicas de um ideal.
Leonardo Daniel
Enviado por Leonardo Daniel em 30/09/2017
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